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O tempo passa muito rápido. Já faz mais de um mês que não posto nada. Muita coisa boa aconteceu nesse mês que se passou.
- As crianças estão indo para a escola. Adoraram o primeiro dia de aula e já fizeram 3 melhores amigos cada.
- O trabalho segue de vento em popa com muita coisa para fazer.
- Fiz o meu road test e consegui a minha full driver's licence (depois eu faço um post específico para isso).
- Estamos focados agora em procurar um lugar definitivo para ficar. Pagar aluguel caro e por tabela o mortgage dos outros é triste.
- Passada a época de euforia de que supermercado é playground, já achamos os melhores locais para fazer groceries sem gastar os tubos.
- Descobrimos também as promoções e sales. Roupas de marca para que?
- Já nos adaptamos aos afazeres domésticos e ficamos nos perguntando, "Porque no Brasil não podia ser assim?"
- Fizemos um leasing num carrinho para ter um meio de transporte e para também acelerar o nosso credit score.
- Por tabela, descobrimos que o HSBC tem reportado o nosso credit score desde que abri a conta ainda no Brasil em 2010 e comecei a fazer os Global Transfers. Ou seja, não é lenda. Funciona sim.
- Comprei uma bike para mim e para as crianças. Além de uma trail-a-bike para a menorzinha para podermos andar distâncias maiores por aí.
- Preciso comprar um tapa-olhos para dormir. Aqui não tem essa de janela blackout porque as pessoas amam o sol e a claridade. Só que essa claridade aqui vai das 5 da manhã até umas 9:30 da noite por essa época do ano.
- Redescobri o prazer de um passeio descompromissado e despreocupado pelo seawall. No melhor estilo dolce far niente.
- Estou aprendendo a ficar menos paranoico com o "onde estão as crianças?". Além de estarem crescendo e adquirindo mais independência, os riscos são bem menores.
- Peguei a Canuck fever. Assisti todos os jogos dos playoffs e agora que venha a Stanley Cup. Meu único problema é entender direto como funciona a blue line e o que é um icing call.
Creio que uma das grandes diferenças entre o Canadá e o Brasil é o conceito de confiança entre os indivíduos numa sociedade. Aqui no Canadá, primeiro confia-se para depois desconfiar caso o cidadão cometa algum ilícito. Já no Brasil, desconfia-se de tudo primeiro para só depois de muito custo, confiar.
Essa confiança é apoiada num judiciário rápido e acessível, o que garante os direitos dos cidadãos prejudicados. As pessoas sabem que serão certamente punidas caso façam algo errado e é então bem melhor simplesmente não fazer nada errado.
Já no Brasil esse judiciário rápido e acessível aos cidadãos só existe no papel e na retórica. Como todos sabem que estão muito longe do alcance do braço da lei, nutre-se o conceito do jeitinho e da impunidade certa. Como a confiança inexiste e todos sabem que os seus direitos não serão resguardados pelo judiciário, por isso temos cartórios, carimbos, protocolos, burocracias infinitas. Isso cria uma ineficiência gigantesca e absolutamente desnecessária em todos os aspectos de nossa vida diária. Basta refletir. O pior é que só percebemos isso quando olhamos de fora.
Mas o pior é quando as pessoas se iludem dizendo que a burocracia é que é o problema. Ou que a ineficiência é que é o problema. Ou que o Custo Brasil é que é o problema. Tudo o que eu mencionei até agora são reflexos e consequências. O causador disso tudo é uma sociedade falida onde a confiança não existe entre os indivíduos e a justiça não resguarda os direitos dos cidadãos.
Foi por isso que eu mudei.
der doppelgänger